
Certa vez, quando o bichano se preparava para sair do seu habitat, ele observa os passos dos donos da casa: O marido sai e despede-se com um toque de lábios babados a mulher que retribui com o mesmo toque. No momento em que o homem sai de casa e fecha a porta, a mulher dá um grito “UH!” e extasiadíssima começa a tirar todos os panos que vestia, ela sobe na mesa (aquela mesma mesa com toalha, copos, jarras e bandejas com queijos e outras delícias!) e atira tudo que ali tinha em cima pro chão, ela então começa a passar geleia de figo, de uva, de laranja, cremes e patês nos seus lugares mais obscuros e peludos que normalmente ficariam escondidos e chama então seu gato persa para degustar daquele estranho sanduíche no meio das suas pernas de humana. A partir disso começava a gritar como se enlouquecesse! O gato, indiferente após àquela exótica refeição, voltava para o sofá. A mulher tirava o excesso de doce com os dedos e lambia. O ratinho então pensava “Esses humanos, animais interessantes com costumes esquisitos...”.
Todos os dias era tudo sempre igual: ela acordava o marido; eles tomavam café; ele saía; ela gemia; o gato dormia; o rato buscava o queijo. Perseguições, cansaço e o homem da casa voltava. Às vezes, o ato se repetia mais tarde, mas no lugar do gato era o homem, às vezes nem sempre o mesmo homem, mas repetidas vezes o mesmo ato. Acontecia em volta disso outras atitudes estranhas daqueles seres bípedes e caucasianos, como a filha certa vez que chegara em casa com o namorado e vira a mãe trepada na mesa com um ser peludo e muito conhecido seu, ali, naquele lugar onde um dia ela teria saído. A menina grita: meu gato! E corre aos prantos para o quarto. A mãe corre pelada chorando pela casa e gritando de forma diferente do que costumava gritar. O ratinho observava tudo com um ar de doutor e pensava em como poderia fazer um estudo, uma história, o que seja! Como revelaria sua opinião para o mundo?! Do que ele pensava dos humanos, mostraria então a todos que ele sim, pensava!
Foi então que o observador teve uma grande ideia para seu tamanho. Todos os dias de madrugada, quando todos estavam dormindo, ele ia até o escritório do homem e subia em toalhas e estantes e pegava mini-dicionários e os estudava. Símbolo a símbolo com um tanto de pressa, porque o rato tinha consciência de que não viveria tanto tempo quanto os humanos para aprender a desvendar todas minuciosidades daqueles desenhos engraçados que queriam formar palavras, além de que, uma hora amanheceria e ele teria que voltar para sua toca. Depois de algumas semanas o rato já entendia algumas coisas ali escritas, depois de meses ele já sabia ler frases e título de outros livros que se encontravam no escritório atirados. Com primeiro passo feito, o pequeno agora queria e necessitava aprender a escrever. Observou o homem pegando a caneta com aqueles numerosos dedos cheios de carne rosada, e a equilibrando enquanto a manuseava com uma rapidez impressionante! Sim, aquilo para o rato era tão impressionante quanto a mãe na mesa, o gato indiferente lambendo a humana e a filha soltando água dos olhos!

Chorei horrores por um ratinho tão especial ter provavelmente batido as cachueletas devido a uma intoxicação com a porcaria da tinta de caneta...
ResponderExcluirEsse mundo sucks!
hehehe! Não chora não Shuninha!
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